Sem saída – #contogamer

Corro o máximo que posso para fugir deles. Não sei como vim parar aqui, não sei o que eles querem, apenas continuo a correr sem parar. Em cada canto sinto a presença deles cada vez mais próximas. O barulho me deixa cada vez mais nervoso. Essa música repetitiva inferniza minha concentração. E quanto mais perigoso […]

Sem saída – #contogamer

Corro o máximo que posso para fugir deles. Não sei como vim parar aqui, não sei o que eles querem, apenas continuo a correr sem parar. Em cada canto sinto a presença deles cada vez mais próximas. O barulho me deixa cada vez mais nervoso. Essa música repetitiva inferniza minha concentração. E quanto mais perigoso fica, mais rápida a canção é tocada.

Os pontos de luz são o que me resta para sobreviver. Junto com algum alimento que encontro no caminho. Não estou na minha melhor forma, reconheço que ando um tanto quanto amarelado, mas mesmo assim persisto. Tento caminhos diferentes, mas no meu intimo sei que nunca vou conseguir sair deste local infestado por estes seres cruéis. Fantasmas.

Tentam me encurralar, mas sou bom em fugas. Pelo cansaço não irão me pegar. Eles querem me destruir. Mas posso revidar. Em cada canto escuro existe a kriptonita deles, o alho do vampiro, a bala de prata dos lobisomens. Minhas pílulas do poder. Minhas frutas místicas.

E a caça vira o caçador, e eu os destroços um por um. Fantasmas ou não, nenhum sentimento de culpa pelo canibalismo hectoplasmatico me incomoda. Minha fome de vingança é maior. E os mastigo sem piedade. Eles fogem pálidos, e eu sorrio. Mas, o efeito acaba e eles retornam a busca. Cada vezes mais rápidos Cada vez mais sedentos pela minha carne suculenta.

Eles fecham as saídas, não acho mais pontos de luz, esses fantasmas nunca acabam. Destruo um, outro nasce em seu lugar. Preciso achar os pontos. Preciso de todos os pontos de luz. E devorá-los. Sim, a luz é a salvação! Mas não as encontro e no fim das contas eles me cercam. Não há o que fazer e sinto o sorriso sinistro dos fantasmas ao fecharem minhas únicas rotas de fuga. A morte se aproxima. Eles me pegam.

– E lá se vai minha última ficha…

“Oi tudo bem? Sabia que o nome original do Pac Man era Puck Man, mas mudaram com medo de trocarem o P pelo F.“. Esta é uma fala de Scott Pilgrim contra o Mundo, quando o protagonista do filme tenta usar seus conhecimentos nerds para seduzir uma moça.

Um clássico do fliperama, hoje no meu celular, Pacman me fez pensar como seria a vida dessa bolinha amarela que tem a função de fugir e comer. Aparentemente, não é nada fácil.

► Assopra a fita, cuidado com o fio, press Start. O #contogamer é a coluna assinada por Luciano Priméruss onde ele desvenda os mais variados jogos da história de forma literária, descomplicada e descontraída.

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Luciano Primeruss
Luciano Primeruss

Publicitário, boleiro, utópico e escritor de gaveta que sonha apresentar o Saturday Night Live.

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